Juiz federal nega pedido para se declarar impedido de atuar em processos sobre ex-presidente Lula

ZeroUmInforma/Política – O juiz federal Sérgio Moro decidiu nesta sexta-feira (22) que vai continuar na condução dos processos que envolvem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O juiz negou pedido da defesa de Lula para se declarar impedido para julgar as causas. Na mesma decisão, Moro disse que a opinião pública tem papel importante para prevenir “interferências indevidas” em processos que envolvem acusados poderosos.

Juiz Sérgio Moro participou do Primeiro Seminário Nacional sobre Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro. Não falou com a imprensa sobre a Operação Lava Jato, disse que legalmente não pode falar sobre casos abertos
Juiz Sérgio Moro

Na petição, os advogados de Lula alegaram que Moro não poderia julgar o caso por ter escrito um artigo acadêmico em 2004, no qual se manifestou a favor da importância da opinião pública nas investigações contra políticos. Além disso, a defesa afirmou que o juiz participou de eventos políticos e que teria declarado,  em um jantar com advogados do Paraná, que Lula “seria condenado até o fim do corrente ano”.

Na decisão, Moro negou que tenha comparecido a eventos políticos e afirmou que “falta  seriedade” aos advogados para justificar o pedido de suspeição da causa. Sobre a questão da opinião pública, o juiz informou que o fato é uma mera constatação, que não gera causa de suspeição.

“O que este julgador tem afirmado reiteradamente é que o papel do juiz é julgar com base em fatos, provas e na lei, mas que a opinião pública é importante para prevenir interferências indevidas em processos judiciais que envolvem investigados ou acusados poderosos política ou economicamente.”

Na decisão, Sérgio Moro também defendeu a condução coercitiva do ex-presidente Lula, em março, durante a Operação Triplo X da Lava Jato.

“Então, a medida de condução coercitiva, além de não ser equiparável à prísão nem mesmo temporária, era justificada, foi autorizada por decisão fundamentada diante de requerimento do MPF e ainda haveria razões adicionais que não puderam ser ali consignadas pois atinentes a fatos sobre os quais havia sigilo decretado”, justificou.

Sobre a quebra de sigilo do telefone fixo do escritório de advocacia de Roberto Teixeira, advogado do ex-presidente, Moro afirmou que a medida foi legal e que Teixeira está na condição de investigado e não de advogado, fato que impediria o grampo, de acordo com as prorrogativas profissionais.

“Se o advogado, no caso Roberto Teixeira, se envolve em condutas criminais, no caso suposta lavagem de dinheiro por auxiliar o ex-presidente na aquisição com pessoas interpostas do sítio em Atibaia, não há imunidade à investigação a ser preservada, nem quanto à comunicação dele com seu cliente também investigado”, acrescentou o juiz.

Lula é investigado sobre supostas irregularidades na compra de cota de um apartamento tríplex no Guarujá (SP) e em benfeitorias em um sítio frequentado por sua família em Atibaia (SP).

Defesa

Em nota, a defesa de Lula declarou que Moro, ao se recusar em se declarar impedido, comete atentado contra a Constituição e aos tratados internacionais, que garantem julgamentos por juiz imparciais.

“A defesa apresentada por Moro, todavia, apenas deixou ainda mais evidente sua parcialidade em relação a Lula, pois a peça: (a) acusa; (b) nega, de forma inconsistente, as arbitrariedades praticadas; (c) faz indevidos juízos de valor; e, ainda, (d) distorce e ignora fatos relevantes”, destacou a defesa.

Sobre o grampo realizado no escritório de advocacia, Roberto Teixeira declarou que o juiz usa sua função para atacá-lo.

“É ridículo o argumento usado por Moro para me atribuir – sem a existência sequer de uma acusação formal do Ministério Público – a prática de ato criminoso. […]Moro, ao que parece, pretende, em verdade, incriminar os advogados que se opõem às arbitrariedades por ele praticadas na condução da Operação Lava Jato e que são encobertas por alguns setores da imprensa em troca da notícia fácil”, concluiu Teixeira.

Fonte: Agência Brasil

Foto: Instituto Lula

Lula diz que sua honestidade é incomparável

(Foto: Heinrich Aikawa/Instituto Lula)
(Foto: Heinrich Aikawa/Instituto Lula)

ZeroUmPolítica – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (20) que não existe “uma viva alma mais honesta do que eu” ao responder denúncias de envolvimento dele em esquemas de corrupção. “Se tem uma coisa de que me orgulho e que não baixo a cabeça para ninguém é que não tem nesse país uma viva alma mais honesta do que eu. Nem dentro da Polícia Federal, do Ministério Público, da Igreja Católica, da igreja evangélica, nem dentro o sindicato. Pode ter igual, mas eu duvido”, afirmou em uma entrevista de cerca de três horas concedida a blogueiros na sede do Instituto Lula, zona sul paulistana.

Para Lula, são remotas as chances de que ele seja indiciado nos processos que apuram corrupção na Petrobras e outras estatais. “Não há nenhuma possibilidade de uma ação penal, a não ser que seja uma violência contra tudo o que se conhece neste país”, enfatizou. “O próprio [juiz Sérgio] Moro já disse que eu não sou investigado”, disse em referência ao magistrado que conduz os processos relativos a Operação Lava Jato.

O ex-presidente criticou a publicação de “mentiras” contra ele e sua família nos meios de comunicação. “O meu filho Fábio, o que fazem com ele é uma violência”, disse também em relação aos boatos espalhados nas redes sociais.

Por isso, Lula disse que pretende processar sempre que forem publicadas inverdades contra ele na imprensa. “Tudo o que os advogados entenderem que é possível abrir processo, eu vou abrir processo”, destacou. As ações judiciais serão, segundo o ex-presidente, direcionadas diretamente aos autores dos artigos e reportagens. “Tudo o que os advogados entenderem que é possível abrir processo, vou abrir processo”.

Dirceu 

Na entrevista, Lula também defendeu o ex-ministro José Dirceu. Segundo Lula, Dirceu foi um dos responsáveis pelo espaço conquistado pelo PT na política brasileira. “O companheiro Zé Dirceu pode ter cometido um erro. Mas a gente tem que saber que o companheiro Zé Dirceu é um dos responsáveis pela grandeza desse partido. O Zé foi um belo de um presidente [do partido]. O [José] Genoino foi um extraordinário presidente desse partido”, disse.

Genoino e Dirceu foram condenados na Ação Penal 470, o processo do mensalão. Além de presidente do PT, Dirceu foi ministro-chefe da Casa Civil durante o primeiro mandato de Lula (2003-2006). No final do ano passado, ele foi indiciado pela Polícia Federal pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha no esquema de superfaturamento de contratos da Petrobras. Para a força-tarefa da Lava Jato, o ex-ministro foi o “criador” e “beneficiário” das fraudes em contratos da estatal.

Segundo Lula, o PT repetiu práticas que pretendia mudar quando chegasse ao poder. “O PT errou, cometeu práticas que nós condenávamos. O PT precisa perceber que nós não nascemos para ser igual aos outros partidos políticos. O PT nasceu justamente para mudar a lógica da política dos partidos tradicionais”, ressaltou.

Porém, o ex-presidente acredita que o partido passa por um processo de “criminalização”, onde são levantadas suspeitas até sobre doações legais de campanha. “O que eu acho grave é o seguinte é que todos os partidos receberam dinheiro das mesmas fontes. Se você pegar a prestação de contas dos partidos políticos, você vai perceber que os empresários são os mesmos para todos os partidos”.

Lula disse concordar com os termos do manifesto divulgado por um grupo de advogados que defende acusados na Operação Lava Jato. No texto, os defensores reclamam do “excesso de prisões preventivas”, da “espetacularização dos julgamentos” e das “restrições ao direito de defesa”. “Eu li o manifesto dos advogados, achei pertinente e atualizado. Acho que está na hora de a sociedade brasileira acordar e exigir mais democracia, mais direitos humanos e mais respeito a tudo que construímos de fortalecimento das instituições”, destacou Lula.

Para o ex-presidente, as operações contra a corrupção na Petrobras estão cerceando o direito de defesa e violando direitos dos acusados. “No Brasil, nesse momento, nem habeas corpus as pessoas estão conseguindo. Está muito mais difícil do que no tempo do regime militar”, disse.

Lula conclamou os militantes do PT a defenderem nomes do partido, que têm sido apontados como integrantes dos esquemas de corrupção. “Enquanto não for comprovado que o cara cometeu erro, tem que estar do lado do meu companheiro. Que história é essa do cara cair na água e eu deixar ele morrer afogado? Não! Se eu puder ajudar, eu vou ajudá-lo”.

Fonte: Agência Brasil

Novos ministros só serão conhecidos após Dilma voltar de Cuba

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Presidente e o ex-presidente Lula durante encontro hoje no Palácio da Alvorada (Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)
Presidente e o ex-presidente Lula durante encontro hoje no Palácio da Alvorada (Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)

O porta-voz da Presidência da República, Thomas Traumann, disse hoje (20) que o anúncio dos nomes dos novos ministros só serão divulgados após a presidenta Dilma Rousseff voltar ao Brasil. Haverá uma reforma ministerial, em função da saída de alguns ministros que irão disputar eleições em outubro.

A presidente participa no final desta semana do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Depois viaja para Havana, em Cuba, para a reunião da Comunidade dos Cúpula dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos.

A informação foi dada após a presidente Dilma Rousseff se reunir com o ex-presidente Luíz Inácio Lula da Silva. No encontro, no Palácio do Alvorada, estiveram presentes o ministro da Educação, Aloízio Mercadante, e com o ex-ministro das Comunicações, Franklin Martins.

A reunião durou cerca de cinco horas. De acordo com o porta-voz, possíveis convites a substitutos de ministros do atual governo são “especulação”. “Todas as confirmações só serão feitas após o retorno dela [a presidenta] da Europa e de Cuba”, disse Thomas Traumann.

Na Suíça, a presidente participa do Fórum Econômico Mundial nos próximos dias 23 e 24 de janeiro, quinta e sexta-feiras. A partida para Cuba está prevista para os dias 25, sábado, ou 26, domingo, com previsão de compromissos nos dias 27 ou 28.

‘Integração é criar uma consciência de irmandade entre nós’, diz Lula

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Senador Delcídio Amaral, Lula, o prefeito de Corumbá, Paulo Duarte, e a primeira-dama, Maria Clara Scardini (Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)
Senador Delcídio Amaral, Lula, o prefeito de Corumbá, Paulo Duarte, e a primeira-dama, Maria Clara Scardini (Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou na noite desta terça-feira (12) do encontro sobre integração latino-americana em Corumbá, no Mato Grosso do Sul.

No campus Pantanal da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Lula fez uma defesa apaixonada da integração e criticou séculos de oportunidades perdidas. Também participaram do encontro o senador Delcídio Amaral (PT-MS), o senador boliviano Isaac Ávalos Cuchallo, o senador paraguaio Luis Alberto Castiglioni e o prefeito de Corumbá, Paulo Duarte. No encontro estiveram presentes ainda os deputados federais Antonio Carlos Biffi e Vander Loubet (ambos PT-MS) e o deputado paraguaio Bernardo Villalba além de outras autoridades e de professores da universidade.

Situada na região de fronteira, Corumbá é uma cidade onde a integração adquire importância especial, como ressaltou o prefeito Paulo Duarte. Ele citou que cerca de 650 estudantes bolivianos são atendidos na rede municipal de ensino, enquanto profissionais da saúde realizam mais de 15.000 atendimentos anuais na fronteira.

Nós não fomos educados para dar importância a nossos vizinhos

Para o ex-presidente Lula, integração é criar uma consciência de irmandade no continente. “Nós não fomos educados para darmos importância para países da América do Sul. O Brasil passou 500 anos olhando para seus colonizadores. Depois de Portugal, veio a Inglaterra, e depois, os Estados Unidos”. Lula defendeu que o Brasil ajude parceiros no continente com tecnologia e projetos. Três anos depois de deixar o governo, o ex-presidente revelou que gostaria de ter feito ainda mais, mas reafirmou sua certeza de que a presidenta Dilma e os demais presidentes sul-americanos continuarão trabalhando pela integração.

O senador sul-mato-grossense Delcídio Amaral defendeu o investimento nos países vizinhos como Paraguai e a Bolívia e destacou que esses investimentos trazem reflexos positivos não só para os países da região. Quando os vizinhos se desenvolvem, o Brasil também se beneficia disso. Para Delcídio, “Lula levou a América do Sul para o caminho da cidadania”. O senador lembrou da importância de projetos brasileiros como a linha de transmissão de  energia para Assunção, no Paraguai, do gasoduto Brasil-Bolívia, da rodovia Bioceânica e das ligações com o Pacífico que passam pelo Mato Grosso do Sul.

O senador boliviano Isaac Ávalos Cuchallo agradeceu o apoio de Lula a Evo Morales, “desde os tempos em que Evo era militante até a Presidência”. Luis Alberto Castiglioni, senador do Paraguai, disse que Lula é hoje um cidadão do mundo e, “mais importante, bem conhecido no mundo. Para Lula, o importante é o ser-humano. Ele humanizou a política”.

Fonte: Instituto Lula