Senador Moka sugere à direção do Ipea que levantamento sobre estupro seja refeito

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O presidente da Comissão de Assuntos Sociais (CAS), senador Waldemir Moka (PMDB), sugeriu à direção do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que seja refeita a pesquisa com o objetivo de avaliar a opinião dos brasileiros e brasileiras sobre práticas de violência contra a mulher. Em audiência pública sobre o tema, realizada ontem (16) pela CAS, em conjunto com a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), o senador lembrou que os dados divulgados – e depois corrigidos pelo Ipea – tiveram graves consequências.

Senador Moka (Foto: Divulgação)
Senador Moka (Foto: Divulgação)

“O resultado inicial criou um ruído que permaneceu. Repetir a pesquisa é fundamental, porque parece que o próprio erro justificou a situação, e isso ficou muito ruim. Se são 65% das pessoas ou 26%, não importa, a visão ainda é muito grave”, contestou o senador.

Moka, que preferiu participar dos debates e deixar que as senadoras presidissem a reunião, se referiu à pergunta que tentou traduzir a visão dos entrevistados sobre a questão do estupro e que motivou reações nas redes sociais e repercussão internacional. Segundo a primeira divulgação do relatório, 65,1% concordam com a frase “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”, mas depois o Ipea reconheceu o erro em relação ao dado. Diferente do divulgado inicialmente pelo Instituto, 26% dos brasileiros concordaram com a pergunta e não 65%.

O senador analisou também os questionamentos e metodologia do levantamento. “Perguntar para as pessoas, por exemplo, que se “em briga de marido e mulher se coloca a colher” é repetir um ditado popular. Claro que muita gente vai concordar, porque a frase está no cotidiano do brasileiro”, destacou o senador ao comentar os resultados sobre violência. A senadora Lídice da Mata (PSB-BA) apoiou as ponderações do presidente da CAS.

Divulgado sob o título “Tolerância social à violência contra as mulheres”, o relatório concluiu que 58,5% dos entrevistados concordam totalmente (35,3%) ou parcialmente (23,2%) com a frase “Se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros”. Ainda segundo o levantamento, 37,9% discordam totalmente (30,3%) ou parcialmente (7,6%) da afirmação e 3,6% se dizem neutros em relação à questão. Houve uma reação encadeada de críticas, especialmente por meio das redes sociais.