Deputados recebem denúncias de mães contra APAE de Campo Grande e vão apurar

ZeroUmInforma – Deputados estaduais visitarão a sede da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), em Campo Grande, na próxima sexta-feira (9), para apurar denúncias de má gestão formalizadas por mães de crianças assistidas na instituição. Elas participaram da sessão plenária desta quarta-feira (7) e pediram ajuda aos parlamentares. “Entendemos que quando os senhores destinam recursos de emendas ou a APAE recebe outros recursos públicos, eles devem ser utilizados para um atendimento de qualidade a quem precisa, mas hoje as órteses e próteses são de baixa qualidade”, afirmou Carolina Espínola Corrêa.

Segundo ela, as mães querem saber de que forma os recursos são investidos pela instituição e estão reunindo assinaturas para cobrar mais transparência nos contratos com os fornecedores de órteses e próteses. “Nada impede da APAE fazer convênios particulares, mas é preciso deixar isso muito claro, até porque é uma instituição filantrópica destinada a atender pessoas carentes”, disse Carolina. Ela lembrou ainda que denúncias contra a instituição já foram arquivadas pelo Ministério Público Estadual (MPE), mas que persiste a preocupação entre as mães.

Graziane Farias de Rezende contou que o filho Leonardo José, de 11 anos, lesionou o quadril por falta de uma cadeira de rodas adequada. “Ele não consegue ficar cinco minutos sentado e o que peço aos senhores é um atendimento de qualidade”, disse. Ela leu um texto sobre “ser mãe especial” e os desafios enfrentados todos os dias, abrindo mão dos próprios sonhos para sonhar com o Leonardo. Maria de Souza Ferreira também quer explicações, mas agradeceu o atendimento prestado na APAE. Segundo ela, a assistência foi decisiva para que a filha de sete anos, portadora da Síndrome de Down, fosse incluída em uma escola regular. “Não é porque temos filhos especiais que somos coitadas e, se os recebemos, foi para uma missão”, disse. “Eu me emociono hoje vendo minha filha reconhecer as letras e tenho muita gratidão pelo atendimento de qualidade”, complementou Maria.

Presidente da Comissão de Saúde da Casa de Leis, Dr. Paulo Siufi (PMDB), considerou a situação “inadmissível”. “Vamos apurar tudo in loco na sexta-feira, depois teremos uma audiência pública e, se não for suficiente, vamos propor uma  Comissão Parlamentar de Inquérito {CPI] para investigar as denúncias”, afirmou. O presidente da Comissão de Assistência Social e Seguridade Social, João Grandão (PT), propôs requerimento cobrando explicações da direção da APAE. “Nós nos solidarizamos porque temos consciência dessa responsabilidade”. Pedro Kemp (PT) lembrou que as entidades preenchem uma importante lacuna no Estado. “As instituições prestam um serviço que o Poder Público não presta, e são muito necessárias no atendimento às famílias, por isso também ouviremos as explicações da direção da APAE”, disse.

Já o deputado Amarildo Cruz (PT), explicou que o fornecimento de órteses e próteses era de esponsabilidade do Poder Público e hoje é gerenciado pelas instituições. “É lamentável tudo isso e as mães vêm a esta Casa de Leis, de forma legítima, reivindicar uma solução”, enfatizou. Cabo Almi (PT) ressaltou que o Governo do Estado reduziu repasses às entidades sociais, os quais fazem falta para garantir atendimento a quem precisa. “Temos que acompanhar tudo isso com muita seriedade, até porque temos conhecimento dos cortes”. Paulo Corrêa (PT) e Maurício Picarelli (PSDB) também enfatizaram o papel fiscalizador da Assembleia Legislativa. “A reunião será um divisor de águas e poderemos constatar se os recursos públicos estão sendo bem aplicados. É nosso dever fiscalizar”, disse Corrêa. “Temos que acompanhar de perto, porque é uma situação muito grave”, afirmou Picarelli.

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