Parlamentos precisam discutir questão ambiental, diz presidente do Senado japonês

A Câmara dos Conselheiros do Japão, órgão equivalente ao Senado brasileiro, está empenhada na discussão de questões ambientais. A declaração é da presidente da câmara alta japonesa, Akiko Santo. A convite do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, ela e uma delegação de parlamentares visitaram o Senado na sexta-feira (10) e conversaram com senadores brasileiros.

 

De acordo com Akiko Santo, na década de 1970, no Japão, era comum considerar desenvolvimento econômico e meio ambiente pautas não compatíveis. Nos dias atuais, segundo a senadora, a situação mudou e um parlamentar pode ter dificuldade de se eleger se ignorar a questão ambiental

 

— Atualmente estamos nos dedicando a essa questão de desenvolvimento de novas energias. Muitos consideram o Japão atrasado na questão ambiental, mas nós queremos ser um país líder nessa questão na Ásia e por isso estamos nos empenhando ao máximo no trabalho nessa área — explicou.

 

A necessidade de discutir a questão ambiental, especialmente no que diz respeito a novas fontes de energia, se tornou ainda mais urgente após o acidente nuclear de 2011, quando um tsunami atingiu a Central Nuclear de Fukushima. A contaminação radioativa de territórios ao norte de Tóquio tirou de suas casas mais de 160 mil pessoas e fez com que o governo desativasse reatores nucleares e elaborasse um plano de longo prazo de investimento em fontes alternativas.

 

— Há a vontade deles de serem parceiros na questão ambiental, nesse intercâmbio entre Brasil e Japão, até porque o Japão é um dos países que mais sofreram com o aquecimento global. É um país que tem se preparado muito para tais questões e desafios, muito focado na área de energia e meio ambiente. O encontro foi importante para que eles entendam que nós, congressistas brasileiros, também estamos preocupados com a questão ambiental — disse a senadora Leila Barros (PSB-DF), que participou do encontro.

 

O senador Hiroshige Seko, do Partido Liberal Democrático, disse considerar o meio ambiente uma questão universal e global, que exige adaptações dos países.

 

— Temos que trabalhar muito a questão de resíduo sólido, com base nos 3R da sustentabilidade (reduzir, reutilizar e reciclar). Esse princípio é muito importante — alertou ele.

 

Relações bilaterais

 

Hoje o Brasil abriga a maior comunidade de descendentes nipônicos do mundo, com cerca de 2 milhões de nikkeis (termo usado para denominar os japoneses e seus descendentes que nasceram ou vivem fora do Japão). De acordo com o senador Seko, a imigração japonesa para o Brasil, iniciada há mais de 110 anos, torna ainda maior o interesse de fortalecer as relações entre os países.

 

— O protecionismo está na moda. O Brasil e o Japão, como grandes países, precisam promover a economia liberal. É necessário criar a regra universal no comércio virtual. Japão e Brasil podem ser líderes nessa área — afirmou.

 

O senador Paulo Rocha (PT-PA), que também participou do encontro, destacou o histórico de relação entre os dois países e lembrou o papel dos imigrantes japoneses no desenvolvimento do seu estado, o Pará. Para ele, a visita fortalece ainda mais essas relações.

 

— Essa visita é muito importante para nós. Com certeza, nós vamos ter a iniciativa de visitá-los para consolidar mais ainda essa bilateralidade. Estamos no momento em que países preferem brigar do que fortalecer essas amizades e interesses políticos e econômicos. Nós percebemos que os japoneses também querem consolidar essas relações — afirmou o senador.

 

Para Paulo Rocha, o Brasil pode contribuir com o Japão com produtos, especialmente na área de alimentos, em troca de tecnologia.

 

Congresso

 

O senador Hiroyuki Nagahama, do Partido Democrático do Japão, afirmou que, assim como ocorre no Brasil, o Congresso japonês é bicameral, composto por duas casas legislativas. Para ele, a visita servirá para ouvir os senadores brasileiros e colher sugestões que possam ajudar a aperfeiçoar o Congresso do Japão.

 

Paulo Rocha lembrou que, no Brasil, o senado muitas vezes sofre com o tempo escasso para analisar projetos e contribuir com mudanças nos textos. O senador explicou aos japoneses que a Câmara dos Deputados, em geral, tem mais tempo para fazer mudanças nos textos.

 

A presidente do Senado japonês afirmou que o intercâmbio entre os parlamentares contribui para aperfeiçoar a relação entre os países e entre os dois Congressos. Ela disse considerar que Brasil e Japão enfrentam questões sociais semelhantes, como as reformas na Previdência, e podem trocar experiências e opiniões.

 

Akiko Santo também lembrou que o Japão será sede dos Jogos Olímpicos 2020 e afirmou que o Brasil, como último país a sediar as olimpíadas, em 2016, pode contribuir com sua experiência. O esporte foi um dos temas tratados com a senadora Leila Barros, ex-atleta olímpica do Brasil.

 

— O Brasil tem uma longa história no esporte. Vamos receber o bastão do Brasil e esperamos que os Jogos Olímpicos em Tóquio sejam maravilhosos — disse a senadora ao agradecer a recepção brasileira.

 

Além de Leila Barros e Paulo Rocha, também fez parte da comissão que recebeu os japoneses o senador Acir Gurgacz (PDT-RO).  A delegação japonesa também foi integrada pela senadora Mitsuko Ishii; pelos senadores Makoto Nishida e Mikishi Daimon; e pelo embaixador japonês no Brasil, Akira Yamada. Além do encontro com os parlamentares brasileiros, eles participaram de uma visita guiada ao Congresso.

 

Fonte: Agência Senado