Governo vai fiscalizar ONGs para ”otimizar” o repasse de recursos públicos, diz ministro

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Alberto dos Santos Cruz, disse em entrevista ao G1 e à TV Globo que a pasta vai fiscalizar Organizações Não-Governamentais (ONGs) para “otimizar” o repasse de recursos públicos às entidades.

 

De acordo com o ministro, a ideia é verificar se os trabalhos desenvolvidos pelas ONGs estão cumprindo o papel de complementar ações governamentais. Serão fiscalizadas mesmo aquelas que não recebem dinheiro público.

 

A primeira medida provisória assinada pelo presidente Jair Bolsonaro assim que assumiu a Presidência atribuiu à Secretaria de Governo a responsabilidade de supervisionar, coordenar, monitorar e acompanhar as atividades de ONGs, assim como ações de organismos internacionais no Brasil. Algumas dessas entidades receberam a medida como uma tentativa de intimidação.

 

Para Santos Cruz, o objetivo do governo não é interferir nas organizações, mas tornar a relação com o governo mais transparente e garantir o serviço para a população.

 

“O objetivo dessa coordenação é otimizar a utilização de dinheiro público e levar mais benefícios na ponta da linha. Então, não é interferir na vida das organizações, nem restringir nada. Mas como é dinheiro público, tem de ter transparências, tem de ter resultados”, afirmou o ministro.

 

Santos Cruz disse que, incialmente, a Secretaria de Governo vai fazer um levantamento do número de ONGs em atividade no país e o campo de atuação de cada uma. Num segundo momento, de acordo com o ministro, será feita uma avaliação sobre a efetividade das ações prestadas pelas ONGs.

 

“Os processos de verificação já são estabelecidos pela CGU [Controladoria-Geral da União], pelo TCU [Tribunal de Contas da União] etc. E aí você tem que acompanhar para ver, principalmente, o resultado e a transparência disso tudo, porque no final do filme é dinheiro público. Se está compensador ou não, se dá para melhorar”, explicou o ministro.

 

Ele não disse o que pode acontecer com as entidades que não alcançarem os resultados esperados.

 

“O toma lá, dá cá que eu vejo, vocês falam e eu até evito de utilizar, é aquele de favores pessoais. De quebrar o galho do filho, do amigo, do não sei mais quem, dá cargo aqui e ali. Realmente não é a nossa orientação”, disse o ministro.

 

Para Santos Cruz, a prática de trocar cargos por apoio tirou a “nobreza” da política e gerou os escândalos recentes no país.

 

“O que tirou a nobreza da política foi o que você falou, o toma lá, dá cá. E isso aí inviabiliza a aplicação da política pública, porque começa a diluir recursos, a diluir influências e quem sofre no fim do filme? A população. O benefício não chega lá na intensidade que deveria chegar. E aí você tem esta tonelada de escândalos que nós vivemos nos últimos sete, oito, dez anos exatamente por causa disso”, declarou.

 

O ministro disse ainda acreditar num bom relacionamento com Congresso, que saiu renovado das eleições neste ano.

 

A Câmara teve a maior renovação dos últimos 20 anos: 47%. Dos 513 eleitos, 243 deputados são de primeiro mandato.

 

Já no Senado, das 54 vagas que estavam em disputa, 46 serão ocupadas por novos nomes. Foi a mais ampla renovação da Casa Legislativa desde a redemocratização do país.

 

“É uma turma nova que vem com tudo. A gente não pode achar que pela média mais baixa de idade… não é nada disso. O cara vem com criatividade, com ideia nova, com energia, é uma outra dinâmica”, afirmou o ministro. “Vejo o Congresso agora, nesta renovação, um equilíbrio muito bom entre a experiência de pessoal e esta turma nova. Eu sou fã desta renovação”, completou.

 

Fonte: G1